Farol, saudades no varal...



Duas da manhã. Rodovia Presidente Dutra. A respiração dela estava estranha, meio descompassada. Depois vieram alguns soluços e um farol e outro de carros na pista contrária mostraram seus olhos molhados. 

Com o olhar vazio, ora na janela, ora na tela do celular, dava pistas sobre o motivo daquele conjunto de sinais tão melancólicos.


Em meio à penumbra, ainda que naquela pequena tela, as letras saltavam na mesma intensidade que as lágrimas de seus olhos, uma a uma: “Posso ter muitas dúvidas sobre minha vida, mas não sobre os meus sentimentos por você e sobre uma relação tão linda. Continuo te amando”. Parou ali por horas. Com os dedos nas teclas. Não escrevia. Um ponto perdido entre os cerca de 300 mil carros que passam pela rodovia todos os dias, ela só precisava de um abraço. O que nunca seria possível diante das circunstâncias. 


Abriu o app de músicas, escolheu Caetano Veloso, voltou à mensagem. “Te amo, linda”. Chorou novamente. Com o olhar perdido na janela, colocou o celular no peito, se ajeitou de lado e dormiu. Lá fora o sol nascia, dentro dela, talvez demore um pouco mais...




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