É preciso a chuva para florir...



 A gente nunca sabe ao certo quando começa. Essa é uma das características das névoas. A umidade do solo, causada pelas chuvas, vai se condensando e tomando conta da atmosfera. Quando a gente se dá conta, tem que diminuir a velocidade ou encostar e esperar até que ela passe para que não haja danos ainda maiores. Não adianta faróis potentes ou aquele conselho de “segue o caminhão”. A gente sabe que às vezes só paciência e ficar quietinho ouvindo um Led Zeppelin - Stairway To Heaven.mp3 resolvem. É preciso esgotar a neblina.

Lutar contra isso é procurar por problemas. É querer adivinhar caminhos e criar rotas alternativas que, no fim, vão no máximo nos distrair com novas paisagens enevoadas. As chuvas são inevitáveis e necessárias, e muitas trazem essas névoas pra nossa vida. Mas também lavam nossa alma e nos ensinam a cultivar a paciência.

E um dia, de repente, você acorda e se sentindo estranho. A neblina passou e uma brisa que vem de dentro vai soprando. A primeira reação é desconfiar, achar que vai passar em cinco minutos e toda a antiga névoa vai voltar mais densa do que nunca. Mas quanto mais desperta, mais essa brisa fica fresca, vai enchendo o peito, corre pelos braços, sobe pelo pescoço e refresca os pensamentos, enquanto se espalha pelo corpo trazendo o frio na barriga. De repente as pernas e pés ficam leves e a gente levanta da cama quase flutuando. Aquela trilha sonora no celular muda e, enquanto lavamos o rosto, os pés vão dançando no compasso dos anos 90: “I’m walking on sunshine, ohhhh!” 


Há chuvas que vêm para germinar sementes que muitas vezes a gente não tem ideia de que existem e as flores são ainda mais lindas quando a brisa vem.








Comentários

Postar um comentário

Postagens mais visitadas