Me veja nos seus olhos, na minha cara lavada...


São Paulo é uma parada doida. Em 13 anos morando aqui, posso dizer que ela basicamente reflete nosso comportamento. Se nos abrimos, ela logo vê uma brecha de luz, sorri e te afaga. E é mais ou menos assim que essa capital fria tem me ensinado sobre o amor. O amor de família, de amigos e o romântico. 
Explico. Acho que alguns aqui concordam que chega uma etapa na vida que a gente fica pensando em como será quando o grande amor vier. Sempre tem uma referência à espreita que, de alguma forma, nos dá uma ideia e persuade o psicológico sobre como pode ser esse dia. Será que vamos ser arrebatados, tal qual um chacoalhão de Vênus, a Deusa, e dois tapas na cara, aqueles de deixar atordoado falando "É ESSE, VAI!" ou virá de mansinho, descoberto num domingo de manhã, quando o sol bater na terceira xícara de café do ser ao seu lado e você perceber que quer ter outros cem mil goles como este ao longo da existência?

O que não nos falta durante a vida é um grande combo que inclui filmes, livros de romance, estórias com princesas da Disney (mesmo que envolvidas em tramas duvidosas) ou músicas de toda sorte. Se esse dia demora a chegar, a gente logo pensa que pode ter deixado passar algo. Fala a verdade? Vasculha nas caixinhas da mente em qual momento o grande amor chegou e não percebemos. Em qual bar, esquina ou elevador ele estaria. Será que foi o grau vencido do óculos que não me deixou ver? Ou aquele dia em que saí apenas cinco minutos a caminho da padaria com o cabelo sem pentear e o grande amor não viu ali grandes motivações para dividir sequer um pãozinho amanhecido no dia seguinte. Foi esse dia, só pode. Os mais otimistas tentam, ainda, colher momentos felizes dos amores que "não deram certo" e pensam que seriam a referência perfeita para encontrar, enfim, o They Lived Happily Ever After próprio. 

Bom, meus amigos, tudo isso para contar que hoje conheci uma história que de repente me fez perceber a vida lá de longe, olhando bem pra mim, com cara de "vou aprontar", pegando todas essas referências nas mãos, jogando em um balaio só, dando uma piscadinha e dizendo "Segura essa, queridinha".

Conheci Leli por causa do trabalho, logo nas primeiras horas, indo contra meu modus operandi que é totalmente profissional nessas ocasiões, pulamos para as conversas sobre a vida pessoal e eis que ela me conta que, quando tinha 27 anos, andava pela Faria Lima depois do trabalho, atrasada, conversando com uma amiga ao telefone, quando passou por um desconhecido que ia em sentido contrário. A cara de espanto e admiração que ele fez quando os olhos se encontraram, arrancou um sorriso dela. Um quilometro depois, percebeu alguém se aproximar ofegante. "Você corre, né?" Renato havia seguido Leli por todo o caminho. Eu sei, a gente já ia ficar com medo, engatar uma segunda e tchau. Mas no dia 11/11/2011, Leli resolveu sorrir para a vida pagar para ver. Deu seu número de telefone, conversaram e resolveram jantar dias depois. Segundo ela, foi a sintonia mais incrível que se poderia ter. "Tudo batia! Fiquei encantada, foi um encontro fantástico, cheguei em casa flutuando, mas não nos beijamos. Algo nele não me inspirava confiança. No mesmo dia descobri que namorava. Foi um choque e resolvi me afastar, não era pra mim, uma pena", me contou ela. Bom, Renato terminou o relacionamento de sete anos no dia seguinte e esperou por Leli no mesmo local onde se viram pela primeira vez, com a promessa de que, se ela parasse, não se arrependeria. Bem, hoje, nove anos, uma filha e uma ONG depois,  comemoram um casamento feliz, apesar dos perrengues normais, como ela mesma diz. Ah! Naquele dia 11/11, Leli amargava uma dor de garganta, uma noite em claro, não havia lavado o cabelo, estava de tênis e ao telefone. 

Me veio tanta coisa à cabeça. O dia, a casualidade, o destino, a "mão do universo", Deus... Mas a verdade, meus queridos, é o bom e velho clichê de sempre: não importa se você está lindamente preparado para esse momento, ou no que você acredita, o essencial é estar aberto! Também há quem acredite em "O que tiver que ser, será". Eu gosto de acreditar que é um misto dos dois, e você? 














Comentários

  1. Que jeito mais lindo de contar a minha historia preferida. Obrigada por tanto em tao pouco tempo. Vc rb segue na lista de surpresas do bem que o destino me reserva.

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